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terça-feira, outubro 02, 2007

depoimento wm

Fui Um Mulherengo, e Hoje Busco a Mulher da Minha Vida II

Por Webert Machado, 52 anos.

"Fui um mulherengo destemperado e inconseqüente, dos 14 até 36 anos. Era impulsivo, desmedido, não precavido, chegando muitas vezes a ser até um cafajeste no sentido literal da palavra, apesar da rigorosa e excelente educação cristã que recebi, sob a forte influência do Metodismo, além da excelente educação vinda de meus pais que, exemplarmente, conviveram juntos durante 45 anos numa harmonia sólida, até a ausência de meu progenitor, em Julho de 1997.
Minha mãe, inclusive em respeito à memória de meu pai, decidiu terminar seus dias apenas com as boas lembranças dessa longa convivência, pois o sexo para ela só tinha sentido na estrutura e consistência da vida familiar e na convivência amorosa do casal. Belo exemplo! Mas, ainda assim, me permiti ser influenciado pelo machismo que impera nas rodas de amigos e pelo “prazer” fútil da troca de mulheres na cama, como se elas fossem camisas que se troca no dia-a-dia, além de viver massageando meu ego durante essa época extremamente narcisista.
Achava-me o máximo! Mas o excesso de convencimento me fez pagar um preço muito caro por esse desmazelo machista. Era-me gratificante contar, na roda de amigos, mais uma marca no “coldre” do meu membro: Já transei com fulana!... Mais uma no meu rol de minhas conquistas! Estúpida ignorância era aquela minha.
A imprudência e a busca desmedida do sexo a qualquer custo resultaram em um bom casamento destruído, do qual tive dois filhos maravilhosos, um deles deficiente físico portador de paralisia cerebral, hoje com 20 anos e morador eterno em uma cadeira de rodas especial para PC, sendo ele o mais profundamente afetado pela separação dos pais e pela ausência do braço protetor da figura paterna. Minha filha, hoje com 19 anos, é uma bela aeromoça, já bem encaminhada muito mais graças ao esforço e empenho de sua mãe do que o meu, apesar de ter sido sempre bom pai, mas muitas vezes ausente nos seus momentos de vida mais importantes, ainda sofre os traumas dos meus erros.
Meus erros, sim, pois aquele discurso babaca de que quando um casamento acaba existe 50% de parcela de erro para cada uma das partes é totalmente infundado. Acredito piamente que 80% do peso dos erros pertencem aos machões, em função dessa busca despropositada de sexo pelo sexo, em total desrespeito à figura da mulher, que é muito mais do que mulher: é mãe, amante, amiga, companheira, geradora uterina dos filhos, portanto, quem sofre e carrega o peso da gestação durante 9 meses, parceira, cúmplice, esposa e, principalmente, mulher. É ela o alicerce do lar e da família. Isto sim é verdadeiro!
Não vai aqui nenhuma homenagem especial às mulheres, como se desculpa fosse para me redimir com elas. É apenas a realidade dos fatos. E ela, enquanto cuida do seu trabalho, da casa e dos filhos, tem seu homem inventando desculpas idiotas e sem sentido para justificar seus apelos sexuais fora da estrada da família.
Na seqüência, tive dezenas de envolvimentos passageiros e mais três envolvimentos sérios. Do segundo deles, tivemos uma filha, hoje uma bela adolescente com 17 anos. Tive 5 anos de convivência com sua mãe. Mais uma vez, fui impaciente e irresponsável, pois sua mãe tem alguns pequenos problemas emocionais (mas continua sendo ótima mulher), aos quais não dei o respeito que era devido.
Do terceiro casamento, numa convivência de 6 anos, restaram apenas mágoas, dores, rancores e lembranças nefastas e traumas para os cinco filhos de ambos, pois os dois pares do casal já vinham de acúmulos de relacionamentos fracassados e processos psicológicos deteriorados.
Do quarto casamento, também com 5 anos de relacionamento, o resultado foram dois filhos com uma também divorciada e destemperada para o sexo e para a estrutura familiar, célula máter da sociedade e hoje, infelizmente, uma instituição quase falida. E, ironia do destino, foi a mulher com a qual fui, pelo menos no meu entendimento, o mais perfeito dos homens, pois na época em que a conheci eu já havia mudado radicalmente as ações de minha vida pessoal. Com ela me propus ser digno, decente e honrado.
Naquela época, em 1993, já era estruturado em mim a consistência de ter a primeira, a última e a única mulher de minha vida. Sinto por ela, por não ter tido o entendimento de tamanha profundidade e essência, pois foi ela quem perdeu um homem regenerado e refeito. Foi ela a primeira a qual respeitei plenamente; a única com a qual fui, pela primeira vez na minha vida, fiel; e a última, no sentido de ser, literalmente, a última mulher de minha vida, com quem andaria, setuagenário e apoiado numa bengala na beira da praia, escrevendo meus livros e contando casos para orientar netos e bisnetos para não cometerem os mesmos erros que havia cometido no passado em relação às mulheres e à família.
Pelo menos, nesse caso, tenho minha consciência tranqüila: fui decente e honrado. Pena que, quando faltou o dinheiro, faltou o amor da parte dela. Interessante... Hoje as palavras do pastor, quando do meu casamento, soam sólidas em minha consciência: na doença e na saúde, na riqueza ou na pobreza...
Por várias noites de minha vida, em várias cidades deste nosso maravilhoso país, deparei-me às cinco horas da manhã com uma mulher do meu lado na cama de um motel qualquer, a qual, após algumas rosas, um bom jantar e o desfilar peçonhento de conversas vazias e fúteis sob o manto de um bom papo, ali estava ela ao meu lado, porém, sem sequer saber seu nome e, após uma noite sexual gélida, frígida e sem sentido e sem nenhuma troca profunda entre as partes, eu tinha tido apenas mais uma conquista.
Quanta infantilidade! E pensar que fiz e passei por isso durante anos e anos... Por muito tempo vivi esse cotidiano. De pneu furado até a viagens inesperadas, todo tipo de desculpa e argumento foi usado para justificar minhas escapadas pela vida afora. Talvez, até sem saber, tenha algum filho pelo mundo afora. Que Deus o abençoe. E que me perdoe também.
A conseqüência de tudo isso só poderia ter sido uma: minha desfragilização e a minha desestruturação como ser humano, pai, empresário, profissional e, principalmente, como homem. Mas a vida é inapelável e impõe seus próprios limites. Tive minha vida destruída. Minha empresa e meus negócios sofreram violentamente as conseqüências dos meus desmandos. Dizem que aquilo que aqui se faz, aqui se paga. É a pura verdade. Acrescento algo mais a esse ditado: aqui se faz, aqui se paga, mas a nota fiscal e o recibo (ou seja, o acerto de contas) são entregues a Deus mais tarde.
Me orgulho de, apesar dos pesares, ser um ótimo pai, daqueles que muito ama, verdadeiramente, seus filhos, tudo fazendo por eles na medida das possibilidades (as quais, aliás, eu mesmo destruí). Procurei ser não um pai de presentes, mas um pai presente, sempre que possível. Também gosto de trocar fraldas ou correr para o hospital na hora de uma febre inesperada nos filhos.
Um dia, oito anos já se vão passados, ouvi de minha filha mais velha (a aeromoça): “Pai, estou cansada de ter tantas mães. Não quero mais saber de outras mães em minha vida, pois quando começo a amá-las, lá vem você com mais uma separação!”. Para piorar e me fazer aprofundar meus sentimentos de redenção e redescoberta, um belo dia ouço de minha mãe: “Filho, você não tem família. Você tem filhos!”
Que dura verdade! Hoje, sinceramente: Obrigado, minha filha, obrigado, minha mãe, pelos mais sérios ensinamentos que tive em toda minha vida, através dessas duas expressões. Então, um dia a ficha caiu. Foi quando perguntei-me: Afinal de contas, o que você está fazendo de sua vida? Até onde o sexo vai levá-lo? Até você se tornar um portador de HIV ou até você se tornar um degenerado e mendigo, pois dinheiro nenhum no mundo consegue manter tanta inconseqüência? A consciência havia acordado. A tempo. Realmente: Quanto dinheiro jogado fora em motéis, whisky, jantares, presentes abordativos, viagens descontroladas, dinheiro desviados de seu propósito verdadeiro: investimentos na família e, principalmente, na empresa, que era o sustento do lar. Quanto desrespeito às mulheres com quem transei, aos meus filhos, de quem tirei o pão nosso de cada dia de suas bocas e à família, de quem esgotei os recursos em troca de motéis vazios e sem sentido. Sem contar o risco da Aids e outras doenças sexuais transmissíveis. Sem contar o desrespeito à mim mesmo.
Consegui superar essa fase. Hoje, aos 45 anos, mais maduro e machucado do que meus olhos azuis possam demonstrar, achei meu centro, o caminho do meio e do equilíbrio e a verdadeira razão de minha essência: Ser um homem no sentido pleno da palavra, com respeito à mulher, ao sexo e à vida, principalmente à vida dos filhos. Sinceramente, hoje não me envergonho de dizer que até já passei 28 dias de minha vida em uma prisão civil por atraso na pensão alimentícia judicial, em função do desarranjo financeiro que eu mesmo arrumei para mim. Foi a vida impondo os seus próprios limites. Pudera. Se tivesse guardado cada centavo gasto nas muitas transas e rodadas de whisky que tive, não teria desmantelado minha empresa, minha carreira profissional e minha vida pessoal.
Vivi todos esses anos, quase 22 anos, num processo de auto-afirmação, auto-destruição e numa busca de não sei o quê. Era o sexo pelo sexo, a cama pela cama, o desrespeito pelo desrespeito. Fiquei 3 anos inteiros em total abstinência sexual. No princípio, achava que não ia suportar, pois era fissurado pelo mesmo. Que nada. Não morri, não adoeci, não pirei minha cabeça, não fiquei menos homem por causa disso e, principalmente, não perdi minha sexualidade.
Tenho atualmente tomado todos os cuidados possíveis na busca de um envolvimento com alguém. A vida nos ensina, até através dos próprios erros, a ponderar e a moderar as atitudes em todos os sentidos, na medida em que erros cometidos só ajustam seus valores muitos anos depois. Sempre achamos que nossos erros só são perceptíveis no dia seguinte, e que basta um Engov depois para se eliminá-los. Mas a aparência de um “Engov depois” não apresenta a verdade dos fatos: Os erros só apresentam sua fatura muitos, mas muitos anos depois.
E moderação e bom senso nunca fizeram mal a ninguém, ainda mais no mundo conturbado que hoje vivemos, onde nós, da geração baby boomers, nos perdemos em nossa própria liberdade e jogamos nossas vidas, e das futuras gerações, na lata do lixo da confusão e da inversão de valores e crenças, onde a família passou a ser elemento secundário de nossas vidas e o dinheiro e a busca desmedida pelo poder e pela posição social se tornaram elementos principais, e tudo isso atrelado ao sexo aberto e despropositado. Curiosamente, nós hoje, os homens, é que estamos nos sentindo numa ilha deserta com a absoluta liberdade que a sociedade impõe atualmente para nossos filhos.
Passei a ser ferrenho defensor da família com almoço de domingo com macarronada regada à Coca-Cola, e do casal viver planejando diariamente cada atitude que ambos, com interdependência, terão que tomar no rumo de suas vidas. Isto sem ser um balzaquiano ou seguindo os modelos impostos pela sociedade dita moderna. Aliás, mais do que balzaquiano, tornei-me um andarilho. É o lado bom da vida: o lado do aprendizado e do crescimento.
Me sinto um lobo, aos 52 anos, não no sentido que adotamos em conversas de amigo(a)s lobos ou lobas, mas no sentido pleno da palavra: “O lobo aprende a subir a montanha. Escorrega, pisa no lodo, derrapa num buraco ou cai quando um galho no qual se apoiava quebra. Arranha-se, machuca-se. Com sacrifício e suor, chega no alto da montanha, aos 40 – 45 anos, no meio da vida. Aprende-se a subir a montanha! E quem aprendeu a subi-la saberá descê-la com segurança, tomando cuidado com cada pedra, buraco ou lodo escorregadio do caminho para não escorregar. Além de saber descê-la, aprende-se também a descê-la descarregando as pedras do cesto que carregamos nas costas, pedras essas que colocamos no cesto pela estrada da vida, ao invés de carregá-lo com mais pesos e pedras. Esta é a maturidade balzaquiana de um verdadeiro lobo.
Esta é minha redenção na estrada da vida. Alguém ainda virá caminhar comigo pelas trilhas futuras, aceitando esse meu passado, ainda nebuloso nos meus dias atuais, e construindo uma nova fonte de vida e vigor: o vigor da família!
Certamente, agora terei uma família, em respeito à mim, em respeito à parceira e aliada e, principalmente, em respeito aos meus filhos e às mulheres, principalmente às mães dos meus filhos, para as quais só me resta, humildemente, pedir desculpas. Sem ser pretensioso, sinto-me como o Rei David, pai de Salomão (Tirando o fato de que ele mandou matar para ter a mulher do infeliz capitão da guarda morto) que, depois de tanto viver a luxúria dominar e destruir sua vida, foi chamado às vias de fato por Deus e redirecionou a sua vida para a estabilidade e a convivência harmoniosa e familiar. Daí veio o nascimento do sábio Salomão.
Hoje entendo a profundidade do sexo: o sexo é muito mais do que o prazer orgástico ou físico. O sexo é o próprio amor. O sexo é a vida!"

Webert Machado

webertmachado@ig.com
(Primeira publicaçãoi: 10.Set.2001, no antigo el site - ositio.com.)